segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O PERDÃO

O Perdão Anísio Renato de Andrade O perdão é, basicamente, a dispensa do pagamento de uma dívida. Esse é o sentido mais natural e aplica-se no caso em que o devedor não tem como pagar e depende da misericórdia do credor. Logo, o perdão significa que não haverá mais cobrança, nem castigo. A Bíblia estende essa idéia para os pecados, as ofensas, como sendo também dívidas. Nossos pecados contra Deus ou contra outras pessoas, são dívidas espirituais que deveriam ser pagas. O pecado é tudo aquilo que prejudica, ou seja, causa prejuízos de vários tipos (morais, físicos, espirituais, materiais). Seria então necessário reparar esse prejuízo, ou compensá-lo de alguma forma. Aí está a idéia da dívida. Mas, como poderíamos pagar nossa divida diante de Deus? Somos devedores que não têm como pagar. A nossa salvação é que alguém pagou nossa dívida (Colossenses 2.13-14). A morte de Jesus teve exatamente esse objetivo. Como o pecado poderia ser pago? Pela morte do pecador. Porém, Jesus se colocou no lugar dos pecadores e morreu no lugar deles. O que nos resta fazer então? Nada de tentar compensar os pecados através de boas obras, (embora elas devam ser praticadas por outros motivos). Nada de auto-flagelo e penitências. Estaríamos, assim, desprezando a obra de Jesus. O que precisamos é : 1) Reconhecer os nossos pecados. 2) Arrepender. Arrependimento é mudança de rumo. É uma decisão de passar a agir diferente. 3) Confessar os pecados (I João 1.9). 4) Pedir o perdão divino. Se Deus, tão graciosamente, nos perdoou, devemos também perdoar aqueles que nos ofendem. Se não perdoarmos, também Deus não nos perdoará (Mateus 6.12,14,15). Se Deus é bom para conosco, não podemos ser maus para os nossos irmãos e nem para os nossos inimigos (Mateus 18.15-34 Mateus 5.44-45). Pedro perguntou quantas vezes por dia ele deveria perdoar ao seu irmão. Jesus disse: "setenta vezes sete". Vemos então que não devemos ECONOMIZAR o perdão. A ausência do perdão, a mágoa, o ressentimento, fazem mais mal ao ressentido do que ao que pecou. Manter a mágoa no coração é como segurar uma brasa na mão. O estrago pode ser grande. A falta de perdão, o ódio, pode causar até doenças. Por outro lado, a pessoa que não foi perdoada, fica, de alguma forma, presa espiritualmente. Como dissemos, não temos como pagar nossa dívida para com Deus. Entretanto, se o nosso pecado contra o irmão envolver um prejuízo material, devemos ressarci-lo, pagar o prejuízo, se isso for possível (Lucas 19.8 Êxodo 22.1). E, assim como pedimos perdão a Deus, devemos também pedir às pessoas ofendidas. Se, porém, o ofendido já tiver falecido, isso não será impedimento para que Deus nos perdoe, desde que haja arrependimento. (Exemplo: Davi e Urias). Muitas vezes, pode parecer difícil perdoar. O sentimento é difícil de ser controlado, principalmente em caso de pecados graves, em caso de crimes. Porém, o mais importante é a nossa VONTADE e não o nosso sentimento. Reconhecendo que devemos perdoar, devemos orar dizendo : "Senhor, eu perdôo aquela pessoa, em nome de Jesus". Os sentimentos podem não corresponder no momento, mas isso é uma decisão e não uma emoção. Precisamos declarar o perdão. Se perdoarmos em uma atitude de decisão, com o tempo os sentimentos encontrarão os seus devidos lugares. ********

SEMEANDO O QUE PLATOU

Semeadura e Colheita O que precisamos fazer para acontecerem os sinais e o mover poderoso do Espírito Santo em nosso meio? Urge primeiramente atentarmos para a necessidade de oração, do testemunho e da pregação do Evangelho do Reino de Deus. Ao assim fazermos, o Senhor coopera conosco e confirma a palavra que pregamos, que semeamos, por meio da operação de sinais e maravilhas que se seguem - Mc.16:20; At. 9:31; Mt 7:13,14; Lc. 9:60-62, 14:33. Ao semearmos, encontraremos todos os tipos de terra, que são as pessoas e seus corações - Mc. 4:1-9. O nosso objetivo é encontrar a terra boa. O objetivo maior de todo o capítulo 4 do Evangelho segundo Marcos, é o de como semear a Palavra para que produza cem vezes mais - Mc. 4:14-20. Tudo começa com oração, obediência e semeadura - At. 10:29,30. Necessitamos semear onde quer que formos. Na condução, no trabalho, na escola e faculdade. Precisamos conversar entre nós sobre a Palavra, compartilhar e memorizar textos completos. Para que serve a Palavra recebida se ela ficar escondida para sempre? Todos podem produzir a cem por um. Qualquer um que tenha ouvido para ouvir, ouça. Qualquer que ouve pode ter mais (Mc. 4:21-25). São bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam (Lc. 11:28). A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm 10:17). Tem que existir um início. Alguém tem que semear. Todos da parábola podiam ter mais. Todos ouviram, porém reagiram diferentemente. Mas, o importante é que todos ouviram. Todo o Reino de Deus está baseado no Princípio: Semear para produzir cem vezes mais. Significa que nem sequer temos que entender como isto acontece. Com certeza, o que for semeado vai crescer de maneira grandiosa (Mc. 4:26-29, 30-32), operando por este princípio: fé, obras de cura, obras de arrependimento e salvação, discipulado, finanças, obras de socorro, etc. A Palavra de Deus é VIDA. Quando semeamos a palavra, ela cresce; não sabemos como, mas acontecerá. É tão importante semear que Paulo até admite que isto seja feito ainda que por inveja e contenda. O poder está na Palavra de Cristo e cada um vai dar conta de si mesmo diante do Senhor - Fp. 1: 15-18. A Fé, para ser aumentada, tem que ser semeada como semente (mostarda) - Lc. 17:5,6. A palavra de salvação produzirá salvação; dons produzirão manifestação dos dons, etc. Vamos colher na proporção da semeadura. É um principio geral. Deus é quem dá a semente ao semeador e é Ele quem multiplica os frutos da sementeira - II Cor. 9:6,10. Através da semeadura, os ministérios do corpo são ativados. A semeadura da Palavra, em oração e obediência, será sempre acompanhada do mover do Espírito Santo, dos sinais e das operações de Deus - I Cor. 12:28, At. 10:44-46.

ESPIRITUAL X NATURAL

EV.ROBÉRIO OLIVEIRA “O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.” (João 3.6) Nosso Senhor nos dá em poucas palavras qual é a condição real da natureza humana, ao afirmar que “o que é nascido da carne, é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito." Ele se refere a dois tipos de nascimentos distintos por reprodução. O primeiro em relação à carne, ou ao que é natural, que somente pode gerar algo à sua própria semelhança, ou seja, natural. O segundo em relação ao Espírito Santo que gera nascimentos sobrenaturais, ou seja, espirituais. Apesar de existir aquilo que poderíamos chamar de algo assombroso relativamente à formação de um ser natural como o humano, que é gerado a partir de uma única célula formada da união de um espermatozóide com um óvulo, e que por reproduções sucessivas chega a formar o complexo de órgãos, sistemas, processos físico-químicos, e tudo o mais que mantém a vida em funcionamento, com comandos involuntários criados e programados por Deus de modo sobrenatural, para a constituição plena das funções do ser humano, todavia, ele dispôs este processo natural de tal forma, que toda geração natural será processada espontaneamente a partir dos princípios que ele estabeleceu previamente para tal propósito. Daí nosso Senhor afirmar que o que é nascido da carne é carne. Entretanto, quanto ao nascimento espiritual operado pelo Espírito Santo, nestes que chegaram à existência através da geração natural, este é de outro caráter, porque não pode ocorrer espontaneamente pela vontade e controle do homem, como o primeiro, e nem a nova vida espiritual gerada pode ser mantida por processos naturais, senão somente pelas operações sobrenaturais do Espírito Santo. No contexto desta passagem de João 3.6 nós encontramos o diálogo de Jesus com Nicodemos, no qual ele destacou a necessidade de um novo nascimento do alto, do Espírito Santo, para que possamos ver o reino de Deus. Assim ele apontou que permanecemos alijados da vida espiritual de Deus, que é espírito, enquanto não nascemos de novo do Espírito Santo. Nosso Senhor também ensinou no contexto desta passagem que este novo nascimento somente pode ser obtido pela fé nele. Daí se dizer nas Escrituras que se alguém está em Cristo é uma nova criatura, ou novo homem, o que é designado pelo Senhor no texto de João 3.6 simplesmente pela palavra espírito. Esta nova criatura gerada pelo Espírito Santo não é algo de outra substância que é acrescentada ao espírito da pessoa que nasceu de novo na conversão a Cristo. Fala-se na Escritura de algo que é colocado, como uma nova disposição, como vemos em Col 4.10. Embora seja algo distinto do espírito do homem; no entanto, é uma coisa mais intimamente inerente a ele, e que é mais estreitamente unida a ele, e que nos renova, Ef 4.23; Sl 51.10. E este trabalho de renovação é feito no homem interior, ou seja, no mais profundo do nosso ser, em nossas disposições interiores que nos definem como a pessoa que realmente deveríamos ser, conforme projetado por Deus, e não no homem exterior, que se corrompe com o avançar do tempo, ou mesmo em manifestações superficiais de nossas faculdades que se revelam em conversações e ações vazias e infrutíferas relativamente aos desígnios de Deus. É impossível para a mente comum conceber que haja uma outra dimensão de vida (a espiritual que nos vem do alto) além desta já tão complexa vida natural com todo o seu aparato de possibilidades de desenvolvimento de habilidades e conhecimentos, conforme foi programado por Deus, e daí não serem poucos os que negligenciam esta necessidade vital de um novo nascimento do espírito, por não crerem que seja de fato necessário ou mesmo possível, uma vez que a própria vida natural é assim tão cheia de mistérios que o homem vem desvendando ao longo das eras. Mas como Deus não projetou o que é natural para a eternidade, senão somente o que é espiritual, e que possua o mesmo caráter da divindade, em seus atributos e virtudes espirituais, então, torna-se crucial atingir este propósito eterno, uma vez que tudo o que é natural se desfaz pelo uso e com o tempo. A vida natural por mais plena e pura que fosse, ainda assim, não poderia adentrar a eternidade, porque isto é concedido somente ao que é espiritual. Espiritual, não simplesmente por possuirmos um espírito, porque disto todas as pessoas são dotadas, mas espiritual no sentido de possuir a vida que é produzida pelo Espírito Santo naqueles que têm a Cristo. Deve ser levado em conta, sobretudo, que Deus não pode habitar senão naqueles que são assim nascidos de novo do Espírito Santo, porque é nestes que há o consentimento voluntário do trabalho que Ele operará da transformação deles à sua própria imagem e semelhança. Daí o apóstolo chamar a isto de coparticipação da natureza divina, 2 Pe 1.4, indicando que esta harmoniosa cooperação da vontade do homem, submetendo-se à vontade de Deus, uma vez que nele agora habita esta nova disposição espiritual que é nele produzida pela habitação do Espírito Santo. Há necessidade desta justa cooperação porque na criatura natural tudo está disposto para crescer espontaneamente sem a influência direta do exercício da nossa vontade para o seu funcionamento e crescimento. Mas tal já não sucede em relação à nova criatura onde tudo exige esforço, diligência, escolha, segundo o querer e o efetuar de Deus. Ou seja, a nova criação espiritual demanda um contínuo andar no Espírito Santo e obediência às ordenanças de Deus constantes de Sua Palavra. Sem isto não há crescimento e nem a manutenção das graças recebidas por meio da fé em Cristo. A criatura natural pode viver sem Deus no mundo. Mas a nova criatura não somente existe sem Deus, como também não pode subsistir afastada dele. Daí o apóstolo ter afirmado: “já não vivo eu, mas Cristo vive em mim” Gál 2.20. A nova criatura garante a permanente presença diante de Deus, porque é nascida do Espírito, e assim, não pode morrer, e nunca deixará de viver aquela vida sobrenatural e superior que se encontra em Jesus Cristo. Esta nova vida foi gerada da semente incorruptível, que não comete pecado, e que foi colocada por Deus na alma de todo o que crê em Jesus, 1 João 3.6. É pela germinação e crescimento progressivo desta semente que o pecado será mortificado mais e mais para que possamos produzir os frutos espirituais de justiça esperados por Deus, Rom 8.6-14.

A CRUZ DE CRISTO

A CRUZ DE CRISTO EV.ROBÉRIO OLIVEIRA A CRUZ DE CRISTO Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. (1 Coríntios 1:18) Vamos considerar nesta oportunidade um dos símbolos do cristianismo aparentemente mais contraditório ou escandaloso: a cruz de Cristo. Como é possível que através de um instrumento de morte possibilite-se vida abundante? Como é possível que através de um instrumento de condenação venha justificação? Como é possível que através de um instrumento de maldição manifeste glorificação? Como é possível que através de um instrumento de fraqueza completa manifeste o poder e triunfo completo? Como é possível que através de um instrumento de separação traga em si a reconciliação? Realmente, estamos considerando o Poder de Deus: A Palavra da Cruz. A Cruz é o ponto de encontro entre o homem pecador e o Deus Salvador. O testemunho de Deus está relacionado diretamente à Cruz de Seu Amado Filho. “E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.” (1 Coríntios 2:1-2) A cruz é o caminho de salvação de Deus. O apóstolo Paulo foi despertado por Deus para reconhecer que não havia outra forma de salvação do miserável pecador senão através da cruz de Cristo. Certamente a cruz é o lugar do arruinado, do corrupto, do bandido, do canalha, do mesquinho, do perverso, do arrogante, do presunçoso, do orgulhoso, do exibido, do religioso, enfim, do pecador perdido em todas as suas nuanças. A cruz faz parte dos desígnios de Deus para a salvação do pecador perdido, o julgamento do pecado, da morte e do diabo com seus anjos, e para a manifestação de Sua glória. “A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos;” “Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” (Atos 2:23; Atos 2:36) Isto nos mostra que a cruz de Cristo é atemporal, isto é, ela precede o tempo e tem valor eterno. Há muitos anos antes do advento do Messias prometido, Isaias profetizou acerco do sacrifício do Redentor: “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. "Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido.” (Isaías 53:5-8) A cruz não era a derrota, como os inimigos do Senhor imaginavam, mas a chave do plano divino. A visão retrospectiva de Pedro também nos remete a essa realidade pretérita, presente e futura. “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós; E por ele credes em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus;” (1 Pedro 1:18-21) O escritor aos Hebreus enfatiza a eficácia eterna do sangue de Cristo que redimiu tanto aos santos da antiga aliança, quanto os da nova aliança. Isto implica que o sacrifício de Cristo na cruz não se repete, mas é perfeito e eficaz para sempre. “Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.” (Hebreus 9:13-15) O elemento surpreendente da cruz não é o sangue, mas o sangue de quem e com que propósito. ¹ O cristianismo bíblico afirma que Cristo possui duas naturezas, que Ele é tanto divino quanto humano (100% Deus e 100% Homem). Ele existe junto com Deus Pai na eternidade como a segunda pessoa da Trindade, mas tomou a natureza humana na encarnação. O que resulta disso não compromete nem confunde, seja a natureza divina, seja a humana, de modo que Cristo era totalmente Deus e totalmente Homem, e permanecerá nessa condição para sempre.² Por isso somente Ele poderia interpor-se em um abismo infinito para salvar o pecador. O Justo sobre a cruz é o único ponto de contato entre o pecador e o poder salvador de Deus.³ O ato de rebelião de Adão resultou em um abismo intransponível entre a humanidade caída e um Deus três vezes Santo, porque a absoluta perfeição não pode coexistir com a imperfeição. “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um”. “Quem do imundo tirará o puro? Ninguém.” (Salmos 14:3; Jó 14:4) Ao pecador caído era impossível transpor esse abismo por seus próprios esforços e méritos. Vemos esse princípio explicado por Jesus em Lucas 16:25-26. “Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.” (Lucas 16:25-26) A Escritura é clara em afirmar que após a morte inevitavelmente vem o juízo. “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo,” (Hebreus 9:27) Vemos também que cada indivíduo receberá a punição do seu próprio pecado conforme o profeta Ezequiel 18:20 “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.” (Ezequiel 18:20) O pecador nessa condição tornou-se incapaz de chegar-se a Deus por qualquer outro meio exceto através de Outro que pudesse salvá-lo satisfazendo a justiça do Deus Eterno. Esse Deus Santo e Justo exige a pena de morte pelo pecado. Portanto, o único modo para Ele poder perdoar qualquer um de nós pecadores, é morrer como nosso substituto. Graças a Deus Ele o fez na pessoa de Cristo Jesus. “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito;” (1 Pedro 3:18) “O universo material veio à existência como resultado de Deus meramente mandar que isso ocorresse, enquanto que a salvação do homem requereu que Deus morresse” * Esse foi o caminho de salvação de Deus para o pecador destituído de Sua glória. A cura do pecado teria de passa pela cruz. Consideremos sobre uma metáfora registrada em Números no capítulo 21. Esse fato foi ocorrido no deserto após a saída dos israelitas do Egito. O povo de Israel estava em constante rebelião com Deus e repudiando a Sua provisão misericordiosa. Então o Senhor enviou “serpentes abrasadoras” entre o povo e muitos morreram. No entanto, como resultado do arrependimento do povo e da intercessão de Moisés, Deus mais uma vez deu provisão para sua salvação. Ele ordenou a Moisés: “E disse o Senhor a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela.” (Números 21:8) A princípio parece contraditório a lógica: A cura dos feridos tivesse a semelhança daquele que havia ferido. No entanto, dá-nos uma poderosa imagem da cruz de Cristo. Os israelitas estavam morrendo do veneno das serpentes ardentes. O homem morre do veneno de seu próprio pecado. A Moisés lhe havia sido ordenado colocar a causa da morte no alto em uma haste. Deus colocou a causa de nossa morte sobre Seu próprio Filho ao levantá-Lo alto sobre a cruz. “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:14-15) Cristo veio “em semelhança de carne pecaminosa”, conforme Rm 8:3 , e quando Ele nos atraiu a Si mesmo em Seu corpo pendurado na Cruz, Ele foi feito “Pecado por nós”. "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus." (2 Coríntios 5.21) Os israelitas que cressem em Deus e “olhassem” para a serpente de bronze pendurada viveriam. O homem que crê em fé, para o Cristo crucificado, será salvo. “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.” (Isaías 45:22) Segundo a Escritura, Cristo se “fez pecado” na mesma forma em que os pecadores “são convertidos na justiça de Deus”. Cristo se fez pecado com o nosso pecado, para que nós pudéssemos nos tornar justos com a Sua justiça. Mas a cruz que é o instrumento de morte precede a vida ressurreta. “E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado. "Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” (João 12:23-24) A palavra de Deus proclama que há vida vinda da morte. “Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer.” (1 Coríntios 15:36) “A vida oferece apenas duas alternativas: crucificação com Cristo ou auto-destruição sem Ele” ** "Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.” (1 Coríntios 15:25) Aqui se faz necessário esclarecer: Não é a alma, mas a vida da alma que precisa morrer. As duas primeiras menções de “vida” nesse texto refere-se à vida “Psique”- a vida da alma, enquanto que a terceira menção de “vida” refere-se à “Zoê”- a vida do espírito. Isto quer dizer: Quem ama a sua vida (da alma) perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida (da alma), guardá-la-á para a vida (do espírito) – a vida eterna (em Cristo). Considerando nesse aspecto, Thomas Manton declarou: Cristãos mortificados são a glória de Cristo. Dessa forma podemos crer juntamente com o apóstolo Paulo que a vida do cristão é Cristo. Pela cruz temos a vitória contra o “EU”, substituída pela vida do “EU SOU”. “Não mais Eu, mas Cristo”, é o novo nascimento de cada filho de Deus. “Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim;” (Gálatas 2:20) Também pela cruz temos vitória sobre o mundo. “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” (Gálatas 6:14) Pela mesma cruz temos vitória sobre a carne. “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.” (Gálatas 5:24) E finalmente, através de Cristo crucificado temos vitória contra as nossas ofensas e o livramento contra os principados e potestades. “E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.” (Colossenses 2:13-15) Em conclusão devemos considerar que a cruz de Cristo é a fonte da qual emana a genuína e permanente espiritualidade de todos os regenerados por Deus. Watchman Nee sobre isso escreveu: O próprio Deus sabe o valor eterno da cruz de seu Filho. Ele manifestou a todos o eterno frescor da cruz de seu Filho. Agora ele deseja ganhar os redimidos de modo que também conheçam esse fato. A percepção do frescor eterno da cruz traz poder. A percepção do frescor eterno da cruz traz amor. A percepção do frescor eterno da cruz traz vitória. A percepção do frescor eterno da cruz traz longanimidade. Se verdadeiramente conhecermos o frescor da cruz, que inspiração receberemos dela! “De fato, a mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que estão se perdendo; mas para nós que estamos sendo salvos, é o poder de Deus” (NTLH). Aleluia!